Secuestro relámpago (en portugués)





Mais uma vítima da violência na cidade


Mais uma vítima da violência na cidade. Assim se qualificou o secretário municipal da Saúde da cidade de São Paulo, após o assalto de 15 de fevereiro de 2001. O secretário e seu motorista foram fechados por três carros às 05:45h numa rua da vila Mariana, na zona sul de São Paulo. Três integrantes do bando desceram armados e o obrigaram a entrar no porta-malas junto com seu motorista. Além do cartão magnético ficaram com o celular, R$ 1.200,00, documentos e papeis com projetos da secretaria.Sacaram mais R$ 1.900,00 com o cartão do secretário e após rodarem mais de duas horas, abandonaram o veículo em São Bernardo do Campo. Os dois foram libertados por populares que ouviram o barulho vindo do porta-malas do carro.

Este caso teve repercussão maior que o «normal», visto tratar-se de um secretário municipal. Esta é apenas uma das centenas de ocorrências registradas nas diversas delegacias da capital de São Paulo. Conforme informações da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, registraram-se em Dezembro do ano passado apenas 101 «seqüestros relâmpagos» na capital paulista. A região metropolitana com o maior número de casos foi a zona oeste e o horário preferido para a ação dos criminosos vai das 18:00h à meia-noite. Ao todo, 63% das vítimas eram homens, 51% deles com idade entre 18 e 30 anos. O objetivo inicial em 36% dos seqüestros visava o carro da vítima, mas, como ele tinha cartão bancário, optou-se por detê-lo até que se fizesse os diversos saques. Segundo as estatísticas policiais, em 65% dos casos os ladrões agiram em dupla e mostraram as armas em 97% dos casos.

A banalização da violência por todos os meios de comunicação, a preguiça ou o descaso dos cidadãos de uma forma geral em participar ativamente do gerenciamento da cidade e/ou das coisas públicas, a tão decantada ineficiência do Estado em prover a segurança pública, tornam estes casos de «seqüestros relâmpagos» apenas mais um numero na estatística das delegacias. Todos nós conhecemos casos semelhantes ocorridos com amigos, parentes, colegas de trabalho e quiçá, conosco!

Mas, a conseqüência de um assalto não termina apenas com a perda dos bens materiais – que podem ser repostas – ou pior, com a perda da vida. Aos sobreviventes dessa violência, restam também as seqüelas emocionais muito mais graves e por muito mais tempo que se pode imaginar. Novas pesquisas mostram que muitas das vítimas acabam sofrendo de graves distúrbios mentais. Stuart Kleinman, diretor do Centro de Vítimas de Crimes do bairro de Brooklin, em Nova York, classifica esta conseqüência como «epidemia silenciosa». Estes estudos indicam que as vítimas de crimes estão sujeitas a dez vezes mais sujeitas do que a média a enfrentar depressões profundas, até mesmo uma década depois do crime. Outros estudos, desenvolvidos pela psicóloga Mary Koss ,da Universidade de Arizona, indicam que » as vítimas de crimes, freqüentam duas vezes mais os médicos do que quem nunca passou pelo trauma, e essas consultas não são na sua maioria relacionadas com as conseqüências dos crimes.Apenas um terço das vítimas sofre ferimentos físicos». Sensação de abandono, raiva por ser vítima, sensação de ter sido atingida de forma permanente, incapacidade de relacionamento íntimo, preocupação com a ordem, sensação de que o mundo é injusto são algumas das seqüelas da violência.

Permito-me sugerir aos profissionais de segurança das empresas que, em conjunto com o departamento de Recursos Humanos, e de posse dos dados estatísticos de ocorrências, nas quais funcionários e familiares próximos foram vítimas de crimes , deveriam traçar planos de auxílio e acompanhamento terapêutico a essas vítimas.

Lembrem-se: Não há crime brando. As seqüelas sempre aparecem.


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