A visão de um cenário de explosão terrorista érealmente algo que marca uma pessoa para sempre. Basta verificar no espaço demenos de 30 dias, em diversas partes do mundo, dezenas de atentados à bombavitimam centenas de pessoas:
Na ex-República Soviética da Chechênia, no Paquistão,no Afeganistão, Iraque, Turquia, Espanha, Israel, pessoas inocentes vem sendovitimadas, mulheres, crianças, juntamente com militares, policiais eautoriadades. As bombas são cruéis e eficazes instrumentos de disseminação do terrore normalmente matam de forma indiscriminada.
Parece-nos com razoável grau de acerto que,praticamente à todo momento, há um atentado terrorista envolvendo artefatosexplosivo em curso, sendo planejado ou executado. Quando contrapostos àestatística de ações criminosas/terroristas envolvendo o emprego de artefatosexplosivos é inevitável que assumamos uma postura preventiva para lidar comessas ocorrências.
Na América Latina, praticamente todo os países temhistóricos de ocorrência de atentados à Bomba. A Colômbia certamente é a naçãomais assolada pelas bombas terroristas sendo que capacidade explosiva e asofisticação dos artefatos empregados ultimamente vem causando surpresa aosespecialistas. Em Dezembro de 2002, até carros-bomba com comandos motorizados eque poderiam ser guiados por controle remoto forma desativados pela polícia.Num claro exemplo da “globalização” aplicada ao terror, constata-se que atecnologia empregada na construção de algumas sofisticadas bombas colombianasvem refletindo o letal “intercâmbio” com integrantes do Exército RepublicanoIrlandês, de indiscutível “know-how”.
A fabricação de bombas, que antes era matéria paraespecialistas, já há algum tempo tornou-se assunto de domínio público. Oadvento da Internet abriu para os nossos adolescentes a possibilidade deacessar a um enorme receituário de fórmulas e esquemas para a construção deartefatos explosivos. Os laboratórios de colégio, lojas de ferragens e mesmo asdispensas domésticas fornecem todos os componentes de que se pode necessitarpara a construção de um artefato explosivo de razoável poder de destruição. NoBrasil trata-se de um «modismo» recente pois, nos Estados Unidos,algumas publicações como o «LIVRO DE COZINHA DO ANARQUISTA», «OARSENAL AVANÇADO DO ANARQUISTA», «COMPOSTO C-4 FEITO EM CASA» ou»ARSENAL DAS GUERRILHAS» já ensinavam, desde os anos setenta, métodosde sabotagem e extermínio indiscriminado. A bomba que explodiu na garagem doEdifício World Trade Center (1993) e a empregada contra o prédio público emOklahoma City (1995) foram produzidas a partir da combinação de componenetesbaratos e de fácil obtenção como fertilizantes, óleo diesel e açúcar. Compedaços de canos, pregos, pólvora negra e outros componentes igualmenteinocentes se pode produzir engenhos simples, porém de extrema letalidade.
Além do seu poder intrínseco como arma, bombas oferecem aosterroristas inúmeras vantagens sobre outros tipos de armas e formas de ataque.Em sua explanação no 8ª Conferência Internacional Sobre Artefatos e MétodosTerroristas, o General-Brigadeiro australiano M. H. MacKenzie-Orr discorreusobre seis razões para a predileção de terroristas por bombas, em detrimento deoutros métodos de ataque:
a) Um espetacular atentado à bomba é garantia dealcançar publicidade em nível mundial e atrair atenção para o indivíduo ougrupo que assumir sua responsabilidade.
b) Uma bomba é impessoal.
c) O emprego do artefato explosivo garante asegurança de quem o colocou, separando o bombardeador da cena do ataque.
d) A bomba, por si só garantiria a destruição dasevidências periciais (na realidade, uma premissa falsa) que auxiliariam asforças de segurança na apuração da autoria do atentado.
e) Componentes para a fabricação de bombas estãodisponíveis em qualquer paísrazoavelmente desenvolvido.
f) A construção de uma bomba é algo relativamentesimples de levar à cabo.
Ainda sobre essa última afirmação, MacKenzie-Orracrescentou: “Da minha experiência na Irlanda do Norte, torna-se claro quequalquer garoto autodidata de dez anos de idade pode obter esquemas dedescrição razoavelmente adequados e construir uma bomba simples e eficaz. Umaoutra pessoa, com maior grau de conhecimento técnico, pode produzir um complexoe traiçoeiro artefato explosivo improvisado – I. E. D. – muito mais difícil dedetctar e neutralizar. Esses fatores se combinam para fazer das bombas a maisdifícil arma do arsenal terrorista com a qual eu haja me deparado”.
O público que, vez poroutra, se vê às voltas com ocorrências de bomba precisa ser melhor informado. Oterrorismo das bombas, embora não possa ser de todo evitado, poderá ter seusefeitos visivelmente minimizados se o público souber como proceder, de formamelhor colaborar com as autoridades.
No âmbito de empresas einstituições, planejamentos contingenciais devem ser estabelecidos (se posívelcom o auxílio dos especialistas da polícia local), de forma que, ante ao menoralerta, se possa dar encaminhamento às providências que situações assim vemrequerer. Assim como os outros procedimentos de emergência, a busca a artefatosexplosivos deve ser previamente normatizada e ensaiada, podendo ser executadapelos próprios funcionários, brigadistas de incêndio ou seguranças, desde queinstruídos para tal.
Uma das sabotagens psicológicas mais comuns envolve o“trote” telefônico, com o aviso deque haveria uma bomba pronta para explodir. A primeira reação de alguém poucoafeto ao gerenciamento de ocorrências dessa natureza é a de comandar uma rápidaevacuação da instalação, com a conseqüente paralisação das atividades e o conseqüenteprejuízo a ela relacionado. No intento de “preservarvidas”, os administradores ou responsáveis pela instalação acabam fazendoexatamente o que o sabotador deseja, ou seja, causar prejuízos através daparalisação da produção ou do bom andamento do serviço. Tecnicamente, o idealserá instruir a(s) pessoa(s) a quem primeiro coubesse o recebimento dacomunicação (normalmente a telefonista, atendentes, seguranças, chefes de seçãoou
as maiores autoridades presentes) acerca de como tratar o informante, dasperguntas a serem feitas e de detalhes da transmissão que devemobrigatoriamente serem observados a fim de validar ou não a ameaça de bomba. Empaíses como a Grã-Bretanha, Estados Unidos, Canadá, Austrália e Israel,questionários impressos sob a forma de cartões permitem anotar ascaracterísticas da chamada a fim de munir as autoridades de um conjunto deinformações essenciais. Só muito dificilmente uma instalação será evacuada semque haja sido efetuada uma busca minuciosa no local. Numa instituição, dever-se-áformar grupo de busca, com elementos da segurança bem como outrosfuncionários, a fim de proceder umainspeção discreta nas instalações para certificar-se da existência ou não deartefatos explosivos, obedecendo aos planejamentos já feitos. Tal equipe nãonecessita ser composta de especialistas em explosivos, apenas devem conhecermuito bem o local onde atuam, assim como estar familiarizados com diversostipos de artefatos passíveis de serem encontrados, seus eventuais disfarces,formas de acionamento etc. Ao contrário do que se pensa (e erradamente se faz),é a equipe especialmente treinada (que conhece minúcias da instalação) e não oesquadrão anti-bombas da polícia local, quem inicialmente deve proceder a buscano interior da área sempre que houver uma suspeita de bomba. Uma vez encontradoum objeto suspeito a área é evacuada e completamente isolada, a polícia éacionada e assume o comando da ocorrência. Infelizmente sabemos que taisprocedimentos são sempre de difícil implementação e normalmente caberá ao setorde segurança (ou à maior autoridade presente) avaliar, principalmente, ohistórico de ocorrências anteriores e a conjuntura político-social dainstituição em particular, a fim de deliberar se uma comunicação de bombamerece ou não crédito.
Simplificando muito a abordagem de um tema que éextremamente técnico e complexo, poder-se-á dizer que que uma bomba – simplesou disfarçada – será constituída do componente explosivo principal, doexplosivo iniciador, detonador ou espoleta e do “gatilho” de acionamento ouinterruptor, o qual, normalmente camuflado, poderá tomar inúmeras formas.Dificilmente nos depararemos com um objeto que exteriorize aquela idéiaclássica de “bananas de dinamite, fios, relógio e pilhas”. As bombas defabricação caseira interessam-nos particularmente por serem altamentetraiçoeiras e de reconhecimento às vezes difícil, por não obedecerem a nenhum“padrão”. Nas bombas improvisadas, o tamanho, a sofisticação do projeto bemcomo a capacidade de destruição, refletem diretamente a imaginação, oconhecimento técnico, a habilidade e os recursos postos à disposição de quem asconstrói. Quando nos deparamos com artefatos explosivos de fabricação caseira,devemos considerar a diversidade de formas, tipos, métodos de acionamento, contra-medidaspara o desarme etc. Em se tratando de bombas, não se pode prejulgar! Como o conteúdo interno da bomba normalmentenão é visível, não se pode verificar como um dispositivo em particular operasem a interpretação de um especialista que – obrigatoriamente – deverá valer-sede ferramental próprio e equipamentos sofisticados. Sendo assim, cadaocorrência deverá ser considerada como única e jamais deveremos subestimar acomplexidade dos respectivos mecanismos e pretendermos, nós mesmos, “desmontar abomba”.
As BOMBAS ou ARTEFATOS EXPLOSIVOS variam de acordo como tamanho, constituição e potência, sendo que sua capacidade destrutiva nunca éproporcional ao tamanho em que se apresentam. Podem ser acondicionadas emcaixas de papelão, madeira, maletas, pastas, sacolas, sacos de papel, latas,tubos plásticos, canos plásticos ou metálicos, podem estar envoltas em papel dejornal, papel de embrulho ou papel pardo etc. Diversos meios de disfarceutilizados são praticamente ilimitados: Caixas de bombons, de doces, debiscoitos; Latas de biscoitos, de lubrificantes, recipientes de alumínio; Latasde aerosol, extintores de incêndio, botijões de gás ou vasos de pressão;Garrafas témicas, inclusive contendo qualquer líqüido; Livros, geralmenteencadernados com capas duras; Tubos (tipo de pasta de dente, creme de barbearetc); Pacotes aparentando conter fitas de vídeo ou mesmo pequeninas caixas defitas K-7; Veículos etc. Na Argélia, cadáveres já foram armadilhados comexplosivos e hoje, no Iraque, animais mortos abandonados à beira das estradasescondem cargas explosivas prontas para detonar por telecomando, quando dapassagem dos veículos das forças de ocupação americanas.
Com o propósito de colher os melhores benefícios deseu poder explosivo, as bombas normalmente são colocadas discretamente no localque se deseja destruir. Podem constituir-se em volumes, aparentementeesquecidos em locais de ampla circulação de pessoas, ou deliberadamenteposicionados em locais onde podem causar extenso dano material. Quando visamatingir um alvo ou pessoa de forma seletiva, podem ser entregues como simplesencomenda (que haja ou não passado pelos correios); Lançadas, normalmenteutilizando uma motocicleta (ou de um veículo em movimento) e ainda – quandodispostas no interior desses veículos – estacionada próximo do objetivo que sequeira destruir.
Quanto ao seus sistemas de detonação, as bombas podemapresentar os seguintes mecanismos:
– De armadilha: por compressão, por descompressão, portração, por descontração ou liberação (ação inversa à tração), sísmico (ouvibratório), fotoelétrico ou anti-magnético;
– De tempo: por “hora certa” ou de retardamento(quando independer de mecanismo de precisão);
– De acionamento remoto,quer por fio ou, como é o maisusual, a partir do emprego de controles de rádio (como os usados em portões degaragem ou em modelismo) ou telefones celulares.
As cartas-bomba
Uma carta-bomba, independentemente do tamanho doenvelope, obrigatoriamente apresenta uma espessura maior do que acorrespondência normal. Quem a manipula fica com a impressão de estar diante deum livreto de capa dura, um relatório, um panfleto dobrado ou mesmo um novotipo de cartão musical, nunca de uma simples carta. A carta parece ser maispesada do que se contivesse a mesma espessura de papel. Normalmente o explosivoé moldado em placas finas e isso faz com que o envelope de uma carta explosivaapresente uma constituição incomum: às vezes bastante rígido e liso, noutrasvezes dando a impressão – igualmente suspeita – de falta de elasticidade de seuconteúdo. O envelope pode transmitir a sensação “morta” de uma massa devidraceiro ou argila ao invés de um maço de papéis ou panfletos dobrados.Dependendo do tipo de explosivo utilizado, um envelope de papel poderáapresentar manchas gordurosas ou mesmo exalar um odor estranho (semelhante aodas massas tipo epóxi ou um cheiro de massa de amêndoas ou marzipan). Emboracartas-bombas possam ser construídas para detonarem por processosnão-elétricos, na maioria desses petardos se emprega fios e algum tipo de fontealimentadora de energia (como uma pilha pequena). Embora máximas nesse sentidofigurem normalmente em cartazes de alerta contra cartas-bomba, é um erro pensarque os endereços dos destinatários sempre sejam genéricos (como “Ao Sr. Diretor”),apresentem e
rros de ortografia ou ainda sejam redigidos com caligrafiaprimária. A carta pode ter sido especialmente preparada para simular umacorrespondência normal, com nome correto do destinatário, remetente e selos naquantidade adequada. O êxito do terrorismo postal (seja na forma de cartas oupacotes) se alicerça na tradicional curiosidade dos destinatários e na suaânsia de abrir rapidamente as correspondências que lhes chegam às mãos. Aorecebermos uma carta ou encomenda que se enquadre nos indícios de suspeição quemencionamos, devemos nos perguntar quem teria remetido a referidacorrespondência, checar a informação junto ao remetente e – na dúvida quanto à procedência da mesma -colocá-la de lado, para ser examinada pelos técnicos da polícia.
Os carros-bomba
Embora com pouco histórico de uso no Brasil, o carro-bomba éum dos meios de ataque mais populares, empregado por terroristas e criminososem todo o mundo. Com um invólocro de grandes dimensões, a montagem da bomba noscarros vem requerer, comparativamente, pouco conhecimento técnico; não hánecessidade de miniaturização de diferentes tipos de circuito de disparo (comonas pequenas bombas disfarçadas), os quais podem ser tremendamente simples,seguros e ainda valer-se da energia fornecida pela bateria. No caso de empregoda bomba no veículo como uma armadilha, os diversos interruptores existentesnum carro favorecem ao atacante e dificultam a vida daqueles que, paradefender-se, deverão empreender extensas buscais visuais, abrindo o veículo,inspecionando suas partes internas e buscando sinais de violação dos diversoscircuitos elétricos. Para agravar ainda mais o quadro, sabemos que capacidadede armazenamento de explosivos no interior de um veículo é enorme e com suadetonação, toda a estrutura e partes metálicas podem transformar-se emestilhaços, capazes de ampliar ainda mais o efeito devastador da explosão.
Por “carros-bomba” compreendemos genericamente:
a) Uso de dispositivo explosivo colocado sobou no interior de um automóvel para vitimar seus ocupantes;
b) Uso de veículo como “embalagem” e disfarcede uma grande quantidade de explosivos, que serão detonados o mais próximopossível de seu alvo. Os ataques ao Quartel dos Fuzileiros Navais Americanos eda Legião Estrangeira da França em Beirute (levados à cabo por um motoristassuicidas em caminhões abarrotados de explosivos), em 1983, às Embaixadas dosEstados Unidos em Beirute e no Kuwait, em 1983,ao World Trade Center, em 1993,à Associação Mútua Israelita em Buenos Aires, em 1994, ao edifício do governoem Oklahoma City, em 1995 e a grande explosão em Docklands, na City londrina (em Fevereiro de 1996) se enquadram nessacategoria.
c) Uso de dispositivos complexos, bemdissimulados e com armadilhas, a fim de vitimar policiais e peritos nadesativação de artefatos explosivos. Tendo em mente que bons técnicos em bombassão profissionais de formação difícil e cara ,terroristas, sobretudo, doExército Republicano Irlandês (IRA) e do grupo separatista basco, ETA, jáperpetraram atentados com bombas em veículos, as quais visavam atingirunicamente aos policiais e militares que atuam em face de tais contingências.
d) Uso de veículo para ocultar um sistema delançamento de munições como foguetes e morteiros. O IRA em várias oportunidadesempregou morteiros rudimentares (confeccionados a partir de canos comerciaissoldados) montados em caminhões e recobertos com lonas. Recentemente asmanchetes dos jornais mostraram carroças de tração animal onde forças deresistência iraquianas instalaram baterias de foguetes para disparar contra asforças americanas.
Para evitar-se o armadilhamento de veículos comexplosivos – na verdade, “bombas em carros” – é vital que os sabotadores não possam ter facilitado o seu acesso aosautomóveis. Motoristas e mecânicos deverão ser selecionados e merecedores deconfiança. Embora saibamos ser impossível manter os potenciais carros-alvo emlocais seguros 24h/dia, os mesmos não deverão ser deixados desguarnecidos emlocais onde possam ser sabotados. A vigilância sobre os mesmos deverá serconstante e extremamente atenta principalmente pelo fato de que um pacoteexplosivo (imantado para prender-se facilmente à superfície metálica e cujoacionamento possa ser feito por controle remoto) pode ser colocadodiscretamente sob o carro em questão de segundos.
A fim de evitar bombas acionadas por controles“via-rádio” (a partir da adptação de controles de brinquedos, portões degaragem, etc) ou “via-celular” (pelo emprego de telefones adptados), equipes deencarregadas da proteção de autoridades bem como grupamentos especializadosanti-bomba e equipes de segurança dedignitários costumam estar equipados com geradores de interferência eletrônicacapazes de isolar uma área de segurança num raio de algumas dezenas demetros. Desenvolvido inicialmente porespecialistas britânicos, tal recurso de contramedida eletrônica gera um campode fortíssima perturbação eletromagnética que impede o funcionamento dedispositivos acionadores improvisados assim como anula a capacidade de recepçãodo sinal de aparelhos telefônicos celulares.
Acautelar-se de veículos -bomba vem requerer cuidadosespeciais. Independentemente de tratarem-se de veículos pilotados por suicidasou carros, vans e caminhões abandonados de forma furtiva em vagas deestacionamento, há que se implementar medidas que dificultem o acesso doveículo ao seu alvo. O que na gíria chamamos de “Endurecer o alvo” podecompreender a adoção de recursos como o emprego de vidros revestidos compelículas balístico-retardantes, aplicação de revestimentos especiaisanti-chama, construção de barreiras fixas (ferro e concreto) ou móveis, grandesblocos ocos de plástico cheios de líqüido não-inflamável ou muretas contínuasde concreto (para impedir o acesso de veículos e ainda minimizar os efeitos do sopronuma eventual explosão), construção de fossos, espelhos dágua, estabelecimentode perímetros de segurança onde não se permita o acesso de veículos ou em que oacesso, quando facultado, se faz mediante a minuciosa inspeção de segurança.
O evitar lançamento de foguetes e morteiros pressupõeo estabelecimento de perímetros seguros num grande raio, estabelecido a partirdos possíveis «alvos», inspecionando o interior dos veículos quepodem camuflar os lançadores.
A DETECÇÃO DE BOMBAS
Na esmagadora maioria dos casos, uma bomba seconstitui num objeto, ainda que aparentemente inocente, que se encontra“destoando” da paisagem de um determinado local. Pode ser aquele pacote, s
acolaou mala, deixado num hall, banheiro ou corredor; ou, num caso ainda mais suspeito,um estranho objeto deixado próximo aos botijões de gás ou no PC de Luz de umaedificação. No casos dos carros-bomba, pode ser um veículo (moto ou até umainocente bicicleta) deixado estacionado num mesmo local por mais de um dia, semmotorista, e cujo interior não seja perfeitamente visível ou que contenhaobjetos ou volumes dispostos de forma suspeita.
Embora uma bomba de considerável efeito destrutivopossa ser construída com dois vasilhames, uma rolha e os componentes líqüidosapropriados, a maioria das bombas com que normalmente se deparam os gruposespecializados em artefatos explosivos contém metal. Os detonadores contémmetal, pinos, molas, fios elétricos e baterias também são feitos de metal.Partículas metálicas podem ser descobertas pelos mesmos detectores que seutiliza para inspecionar pessoas armadas. O principal inconveniente do empregode detectores portáteis de metal é que os mesmos não diferenciam componentes deum artefato explosivo, de clips, grampos de papel ou mesmo etiquetas metalizadas,podendo gerar alarmes falsos idênticos ao provocados por pequenas pilhas, fiose espoletas. Deve-se tomar cuidado para não deixar que uma continuada geraçãode alarmes falsos comprometa a eficência dos encarregados de inspecionar cartase pacotes. Modernos detectores especiais de cartas bomba (como o SCANMAIL 10K,comercializado pela SCANNA MSC Ltd.) tem a habilidade de diferenciar ítensinofensivos como clips e grampos. Tais aparelhos trabalham identificando apresença de material condutível como fios energizados, baterias, temporizadoresou detonadores que compõe normalmente tais artefatos. A visualização deconteúdos de uma correspondência ou pacote suspeito, além do emprego deequipamentos de Raio-x, pode utilizar-se da projeção de líquidos transparenteadorescomo o Spray de Gás Freon. O borrifo do spray deixa o papel quase transparentee permite uma boa visualização de conteúdos postais.
A visualização de conteúdos, quase imprescindível notrabalho das equipes encarregadas da neutralização de artefatos explosivos, seutiliza do emprego de métodos de radiologia. Os componentes de uma bomba e ofuncionamento de seu mecanismo de acionamento se destacam com grande nitideznuma exposição ao Raio – X. Existem equipamentos portáteis (normalmente empregadospelos grupos de E.O.D. de Polícias e Forças Armadas), bem como aparelhos dedimensões consideravalmente maiores, para inspecionar correspondências evolumes em escritórios ou ainda para a visulazição de bagagem em aeroportos. Emse tratando de aeroportos, hoje são comuns aparelhos que projetam imagenscoloridas dos mecanismos inspecionados (como o modelo 520E da RAPISCAN SECURITYPRODUCTS). Vale fisar que, como observaram recentemente autoridades federaisnorteamericanas que auditaram a segurança das instalações aeroportuáriasdaquele país, no caso do emprego de aparelhos radiológicos, o êxito da detecçãoestará mais associado à destreza, a atenção e a qualificação técnica dooperador do que propriamente às carcterísticas do hardware.
Estetoscópios eletrônicos são recursos utilizados poresquadrões de bomba em todo mundo, sendo empregados para escutar ruídos nomecanismo da bomba.
Em se tratando de explosivos, os mesmos podem ser“farejados” por aparelhos especiais ou por animais treinados. Alguns explosivosexalam odor semelhante ao de amêndoas ou marzipan, porém não todos. Narizeshumanos podem ser «traídos» por explosivos que não tem cheiro,principalmente se colocados próximos de produtos cujos odores tendam aprevalecer e pareçam inofensivos. O emprego de animais, desde cachorros àporcos treinados, obedece a princípios de treinamento bem simples, embora especialistasconsiderem que não seja aconselhável exigir de cada animal, a identificação demais de dois tipos de odores.
A análise química dos vapores é empregada por umavariedade relativamente grande de aparelhos – todos extremamente caros – alguns, de consideráveis dimensões e outrosbastante portáteis. Buscando sinais de organo-nitratos que estão presentes namaioria dos explosivos, detectores portáteis buscam os vapores desprendidos dasmassas de explosivo necessitando ser colocados bem próximos do objeto suspeito.É um processo de inspeção rápido, que leva poucos segundos para se consumar.
A emanação de vapores dos diversos tipos de explosivospode reagir com corantes especiais que indicam a presença dos referidoscomponentes nos volumes mais insuspeitos. O kit de Sprays Detectores deExplosivos, fabricado em Israel, consiste num conjunto de três latas deaerosol – destinadas a indicar tanto oTNT, TNB, bem como explosivos como SEMTEX H, RDX, C-4 e outros compostoscontendo nitratos – podendo ser empregadas tanto na busca como na investigaçãopós explosão, tratando-se de um recurso cuja relação custo/benefício étremendamente barata (custando cerca de US$300,00, permite diversasutilizações).
Contudo, mais eficaz do que quaisquer outros recursos,podem ser os sinais que indicam algo incomum, percebidos por pessoas alertas econscientes de tais riscos – o apalpar de uma carta, um pacote ou encomenda quenão se solicitou ou esperava receber, um objeto “novo” em determinado local, oestacionamento de um carro e o número de sua chapa, o comportamento suspeito dealguém com uma sacola à tira-colo ou uma maleta nas mãos… Não se exigeperícia ou equipamentos especiais parareconhecer tais coisas, mas apenas precaução e certeza para onde se olhar. Oque um cidadão comum, sem treinamento, deve fazer é identificar os sinais desuspeição em cartas, embrulhos, malas e até em carros estacionados, muitoembora a modalidade “carro bomba” ainda não seja usual no Brasil. Uma vezalertada pelo seu “desconfiômetro”, a pessoa deverá isolar o objeto e chamar apolícia. Como bem observou um especialista britânico “é extremamente raro quealguém, tão logo desconfie da existência de uma bomba, seja colhido por ela,pelo menos se se ativer às normas de segurança que lhe foram ensinadas”.
Em caso da descoberta de bomba
– Jamais tocar no dispositivo. Se manuseados – no casode correspondências ou pacotes -, jamais abrí-los;
– Em se tratando de cartas ou pacotes, não osintroduza em meio líqüido (água ou óleo), bem como não os coloque em armáriosou gavetas;
– Deparando-se com volume suspeito, proceda imediataevacuação do local, inclusive pavimentos superiores e inferiores;
– Isolamento da área;
– Contatar o esquadrão especializado em neutralizaçãode artefatos explosivos da polícia local;
– Continuar a busca, paralelamente às demaisprovidências, até se certificar da inexistência de outras bombas;
– Cortar o fornecimento de energia e gás;
– Abrir janelas e bascul
antes como forma de minimizaros efeitos de sopro (deslocamento violento de ar) de uma eventual explosão;
– Se possível, cercar a bomba com material inerte(pneus, sacos de areia, colchões ou galões de água) sem cobrí-la;
– Caso haja passantes ou curiosos, procuraridentificá-los pois, dentre eles, poderá estar o sabotador ou alguém do seugrupo encarregado de aferir danos ou identificar os integrantes do esquadrão debombas, analisando seus procedimentos e assim alcançar êxito num posteriorataque. Filmagens e fotografias da multidão poderão ser de grande valia para ainvestigação de autoria do atentado;
– Afastar ao máximo a cena dos olhares dos curiosos.No caso de tratar-se de uma bomba de contole remoto, o êxito da ação terroristapressupõe que o sabotador deva ter ampla visualização da área, a fim de decidirsobre o momento exato da detonação;
– Outra medida necessária é a de dissimular a chegadados técnicos do esquadrão especializado pois, no caso de bombas controladasremotamente, o criminoso pode pretender explodí-las sem dar chance desobrevivência aos peritos.
Anexo I -NORMAS PARA O RECEBIMENTO DE AMEAÇASTELEFÔNICAS DE BOMBA
1)Embora amaioria das ameaças telefônicas de bombas se constituam em trotes sem maiorimportância, todas as ligações, a princípio devem ser tratadas como se fossemdignas de crédito.
2)Quemrecebe uma ameaça telefônica deve procurar coletar a maior quantidade possívelde dados do informante. É importante deixá-lo transmitir sua mensagem seminterrupção a fim de que nenhuma informação vital se perca.
3)Quemrecebe a ameaça deve manter-se calmo, escutar e porcurar transcrever comexatidão as palavras empregadas pelo informante. Atentar para detalhes comosexo, idade aproximada, jeito de falar (pronúncia de determinadas palavras oufonemas, sotaques regionais brasileiros, sotaques estrangeiros gírias, gagueiraetc) e a maneira (rápida/lenta, arrastada, distorcida etc) ou tom (calmo,irado, obceno etc) em que a mensagem está sendo transmitida.
4)Caso ointerlocutor fale pouco, o receptor da chamada deve tentar indagar sobre maisdetalhes acerca da bomba, demonstrando temor pela perda eventual de vidashumanas, implorando o auxílio e tentando despertar a compaixão do informante.Tente fazê-lo falar!… É importante buscar informações sobre a localização doartefato explosivo, qual o seu tipo, o horário da detonação, quem o colocou ecom qual propósito etc…
5)Ao mesmotempo em que conversa com o informante, o receptor da chamada preencherá comatenção os ítens “1” e “2” do questionário especialmente designado para taiscontingências.
6)Valeressaltar que a quantidade e a qualidade das informações obtidas junto aoreceptor da chamada telefônica auxiliará na decisão de considerar ou não oalerta como genuíno.
7)Oreceptor da chamada não deverá dar conhecimento do teor da mesma à ninguém -exceto pessoal autorizado da Polícia ou Setor de Segurança – a fim de diminuiro risco de alastrar boataria e causar pânico. Vale recordar que muitas chamadado gênero apenas objetivam a desestabilização psicológica de seus receptores,com a paralização de seus afazeres normais.
8)Depois dorecebimento da ameaça as informações deverão – de forma reservada – serpassadas ao Setor de Segurança (através de Ramais telefônicos seguros), o qualanalisará os fatos e decidirá o curso de ação adequado.
Anexo II – QUESTIONÁRIO DE AMEAÇA DE BOMBA
1)Transcreva o teor da ameaça o mais fielmentepossível, utilizando todas as palavras empregadas pelo informante:
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2) Perguntas a seremdirigidas ao informante:
a) Quando a bomba iráexplodir?___________________________________________________
b) Qual tipo debomba?___________________________________________________________
c) Com que ela se parece?_________________________________________________________
d) Onde ela estácolocada?________________________________________________________
e) O que pode fazê-laexplodir?____________________________________________________
f) Quem colocou a bomba?________________________________________________________
g) Por qualmotivo?_____________________________________________________________
h) De onde você estáfalando?_____________________________________________________
3) Sexo doinformante:________________ IdadeAproximada:____________________
4) Número do telefone querecebeu a chamada:_______________________________________
5) Número do telefone do qualpartiu a chamada (se houver BINA):_______________________
6)Hora daChamada:_____________ Tempo de duração da chamada:______________________
7) Sobre o informante:
a) Calmo ( )
b) Raivoso ( )
c) Excitado ( )
d) Debochado ( )
e) Triste ( )
f) Choroso ( )
g) Fala Rápida ( )
h) Fala Lenta ( )
i) Fala Anasalada ( )
j) Fala Rouca ( )
k) Fala Normal ( )
l) Fala Abafada ( )
m) Fala Eletronicamente Distorcida ( )
n) Gírias ( )Exemplos:____________________________________________________________________
o) Sotaque Regional Brasileiro? ( )Qual?________________________________________________________________________
p) Sotaque Estrangeiro ( )
Qual?________________________________________________________________________
q) Gagueira ( )
r) Caso a voz lhe pareça familiar ou possa sercomparada à voz de alguém